"As cores do Outono"
A
pintora Rosa Ratinha pintava quase todos os seus quadros no estúdio. Só no
Outono é que saía para pintar ao ar livre. O Outono era a estação preferida de
Rosa. Havia tantos matizes surpreendentes na paisagem!
Certa
vez, num belo dia de Outono, a pintora embalou tela, cavalete e tintas e foi passear
para junto de um tranquilo lago não longe de casa. Conhecia um lugar bonito e
plano em cima de uma rocha de onde tinha vista para os bosques e montanhas ao
fundo. Aí montou o cavalete com a tela e começou a pintar com pinceladas
generosas.
Na
árvore oca que estava por detrás dela, morava um gnomo da montanha que a
observava enquanto pintava.
— Isto
é que é um quadro esquisito! — disse ele, quando Rosa acabou de pintar. — Nem
se vê o lago nem as montanhas. Como se chama este quadro?
— O
quadro chama-se As cores do Outono — disse
Rosa Ratinha. — Não se vê o lago nem as montanhas, é verdade. Só pintei o
Outono, aquilo que sinto quando olho para esta paisagem.
— Ah,
agora entendo — disse o gnomo. — É muito interessante.
De
repente, levantou-se um vento forte que arrancou a tela do cavalete. Ela foi
pelo ar a voar e desapareceu entre as árvores na margem do lago. Rosa Ratinha
desceu a montanha e foi buscar o quadro. Tinha dois rasgões e havia muitas
folhas, agulhas de pinheiro e pedrinhas coladas na tinta fresca.
— Que
pena — disse o gnomo da montanha. — O quadro agora está estragado.
— De
forma alguma! — exclamou Rosa Ratinha. — Agora é que está completo! O vento do
Outono também participou na pintura e imortalizou-se no quadro com estes dois
rasgões. E as folhas que estão coladas também são bem-vindas. Agora, o quadro
tem uma história e só agora começou a viver!
História retirada de: